A startup franco-brasileira NetZero anunciou uma parceria significativa com o fundo de investimentos de impacto STOA, que irá aportar 18 milhões de euros para impulsionar a produção industrial de biochar, um condicionador de solo biológico feito a partir de biomassa.
O Brasil é o foco principal para a utilização desse recurso, e a empresa planeja construir quatro plantas de produção de biochar no país ainda este ano, com um adicional de dez previstas para 2025. O CEO da NetZero, Axel Reinaud, explicou que os investimentos serão direcionados tanto para a estrutura corporativa quanto para pesquisa e desenvolvimento, fundamentais para o crescimento da empresa.
As unidades planejadas para 2024 utilizarão exclusivamente cascas de café na produção de biochar, mas a partir do próximo ano, outras biomassas, como cana-de-açúcar, cacau e arroz, serão incorporadas à cadeia de produção. Segundo Olivier Reinaud, sócio-fundador da NetZero, o potencial de transformação da cana-de-açúcar em biochar é particularmente alto, especialmente em São Paulo.
Enquanto as novas instalações estão sendo construídas, a startup já está operando em Lajinha (MG) desde abril do ano passado, processando 16 mil toneladas de biomassa por ano e produzindo 4 mil toneladas de biochar anualmente. Essa produção atende até três mil hectares e é fornecida por 400 produtores associados à Cooperativa dos Cafeicultores da Região de Lajinha (Coocafé).
O biochar produzido pela NetZero é feito a partir de resíduos agrícolas que, de outra forma, seriam descartados, transformando-os em uma forma de carbono estável por meio de um processo de combustão. Esse produto biológico pode então ser aplicado no solo como um complemento ao fertilizante.
Esta não é a primeira vez que a NetZero recebe investimentos. Em 2023, a empresa captou 11 milhões de euros de investidores como Stellantis, L’Oréal e CMA CGM. Agora, com o apoio do STOA, os recursos serão especialmente direcionados para metas de descarbonização.
Marie-Laure Mazaud, diretora geral do STOA, ressaltou que, apesar de já investirem em tecnologias maduras de descarbonização e adaptação climática, como energias renováveis, este será o primeiro investimento do fundo em uma empresa de biochar em países emergentes.