A siderúrgica Gerdau, uma das maiores indústrias brasileiras, lançou um alerta sem precedentes ao governo federal: sem ações concretas para conter as importações predatórias de aço chinês até junho, parte do plano de investimento de R$ 6 bilhões previsto para 2025 poderá ser redirecionado para outros países, principalmente Estados Unidos e México.
Em entrevista ao InvestNews, o CEO da companhia, Gustavo Werneck, fez duras críticas à falta de previsibilidade e proteção ao setor produtivo no Brasil, e declarou que a empresa está reavaliando todos os projetos estratégicos no território nacional.
“Se o Brasil não der uma resposta forte até junho, precisaremos avaliar se faz sentido continuar alocando tantos recursos aqui”, afirmou Werneck.
🔍 Pontos-chave da crise entre Gerdau e governo
1. Defesa comercial ineficiente
Werneck criticou a falta de reação do Brasil diante do que chamou de “invasão do aço chinês”. Mesmo com a sobretaxa de 25% imposta em 2023, as importações de aço da China aumentaram 20% entre 2023 e 2024.
Empresas chinesas estariam burlando as barreiras via Zona Franca de Manaus, acordos com Egito e incentivos fiscais estaduais, como o ICMS reduzido.
2. Custo Brasil e energia cara
Segundo o CEO, a energia e o gás natural no Brasil custam quatro vezes mais do que nos EUA, minando a competitividade da indústria nacional. Ele citou a fraca aplicação da Lei do Gás (2021), que deveria ter aumentado a oferta e derrubado os preços.
3. Cenário externo mais atraente
Nos EUA, a Gerdau se beneficia de políticas de reindustrialização e tarifas protecionistas, que estimulam a produção local. Em 2025, a receita líquida na América do Norte cresceu 16%, superando a operação brasileira, que teve queda de 3,5% no mesmo período.
4. Projetos em revisão
Além do Brasil, o México também entrou em xeque. O plano de construir uma nova planta de aços especiais de US$ 500 milhões está suspenso, após a mudança de governo com Claudia Sheinbaum e as novas diretrizes regulatórias. A decisão será reavaliada em julho.
5. Restruturação no Brasil
A Gerdau avalia desativar ou reduzir o ritmo de produção em várias plantas no Brasil, o que pode resultar em até mil demissões. A expansão da unidade de Ouro Branco (MG), que consumiu R$ 1,5 bilhão, havia sido decidida ainda em 2020, em um cenário mais otimista.
📊 Números que ilustram o impasse
- Investimento previsto no Brasil (2025): R$ 6 bilhões
- Importações de aço chinês no Brasil (2023–2024): +20%
- Diferença no custo do gás natural (BR vs. EUA): 4x mais caro no Brasil
- Receita América do Norte (1T25): R$ 6,2 bilhões
- Receita Brasil (1T25): R$ 6,0 bilhões
- Demissões em análise: cerca de 1.000 postos de trabalho
🧭 Perspectivas e consequências
Com decisões pendentes no Brasil e no México, Werneck reforça que o grupo está preparado financeiramente para realocar recursos para os mercados mais seguros e atrativos. O cenário atual, porém, pode levar à desindustrialização de setores estratégicos no Brasil, como o naval e o eólico, que já vêm perdendo empresas e capacidade produtiva.
“O que nos preocupa não é o curto prazo. A questão é onde vamos colocar os recursos estratégicos da companhia nos próximos 10 ou 20 anos”, diz Werneck.
O recado da Gerdau ecoa como um grande alerta para Brasília. A decisão da companhia pode marcar um ponto de virada na disputa entre o Brasil e os países que adotam políticas industriais mais agressivas. Se nada mudar, o país pode assistir passivamente à perda de uma das últimas grandes potências industriais nacionais.
Mais do que uma ameaça isolada, o posicionamento da Gerdau evidencia um esgotamento do modelo atual de política industrial brasileira — e impõe ao governo a tarefa urgente de repensar sua estratégia frente à globalização, ao protecionismo e à descarbonização.
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