Somos uma nação de descomunal potencial, de riquezas naturais únicas, para além da Amazônia, de tanta cultura, diversidade, criatividade, empreendedorismo — apesar do Estado patrimonialista brasileiro. No entanto, potencial sem ação fica apenas no “e se”. O Brasil arrasta consigo uma das mais lamentáveis deficiências para o desenvolvimento, em todos os sentidos, de um povo: o desprezo pela área educacional.
Tal descaso com a Educação avulta em uma tríade devastadora: a falta de investimentos adequados, estrutura precária e a urgente necessidade de uma reformulação curricular nas escolas e universidades. Sem uma mudança profunda e incisiva, como é necessário, vamos continuar reféns de um ciclo vicioso de desigualdade, subdesenvolvimento, ignorância e bagunça.
Alguns dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE): temos os alunos mais indisciplinados do mundo, e os professores vêm perdendo autoridade e vendo sua saúde mental se deteriorar, ainda mais sob salários baixos e rotinas extremamente desgastantes. Mesmo entre os graduados em universidades, boa parte é analfabeta funcional. Imagine o perigo de formar médicos, engenheiros, psicólogos e outros profissionais decisivos para a vida nessas condições.
Ao mesmo tempo, o Brasil conta com bons, dedicados, capacitados, excelentes alunos, pesquisadores, cientistas, artistas. Sempre contamos com eles, que nunca tiveram o devido reconhecimento. O Brasil nunca ganhou um Nobel. E, em Educação, estamos abaixo de vários países africanos em quesitos de desempenho de alunos. São necessárias mudanças.
Muitos não querem mudar – está confortável assim, manter o povo meio que na surdina, misturar Educação com politização ao desafiar a norma da LDB/96. Tocar na liberdade de expressão prevista na Constituição Federal, dificultar o acesso a livros, cada vez mais caros, empregar educadores no “quem indica” e não na qualificação ou capacidade comprovadas. Ao menos em termos de potencial – experiência nem sempre é tão importante.
INVESTIR EM EDUCAÇÃO EM UM PAÍS FALIDO ECONOMICAMENTE?
O atual governo cortou verbas vultosas da Educação – universidades “penam” com atrasos e migalhas, a pesquisa não tem o apoio financeiro necessário. E temos, como disse, bons pesquisadores aguardando. Além disso, a polaridade política acabou afetando de forma desmedida as universidades, essa é a verdade. Universidades e instituições de ensino em geral devem ser meios inclusivos e de diversidades em todos os sentidos; que, sobretudo, façam cada aluno pensar por si mesmo e “fazer o seu caminho”. Professores não podem ser doutrinadores políticos ou ideológicos: são educadores, instrutores, guias.
INVESTIMENTO EM EDUCAÇÃO: A FALTA DE
Dados do Relatório de Monitoramento Global da Educação da UNESCO de 2023 revelaram que o Brasil, não obstante ter aumentado sua porcentagem do PIB dedicada à Educação nas últimas décadas, encontra desafios robustos em termos de alocação e retorno sobre o investimento. Comparado a países com sistemas educacionais mais desenvolvidos, os recursos na nossa terra frequentemente se perdem em burocracia; ou não chegam a impactar positiva e incisivamente a qualidade do ensino.
Tal realidade grita mais alto ao se observar a disparidade entre as redes pública e privada, perpetuando um abismo social inaceitável. No Primeiro Mundo, por exemplo, a maioria dos países têm muitas escolas públicas – isto é, gratuitas – até melhores que as particulares, e inclusive os filhos dos “poderosos”, milionários e bilionários estudam ali. Aqui, a realidade é bem outra.
A infraestrutura das instituições de ensino no nosso país é, em muitos casos, vergonhosa. Escolas sem saneamento básico, sem alimentos, salas de aula superlotadas, falta de materiais didáticos e de laboratórios equipados, alunos que não respeitam professores (como divulgou a pesquisa citada da OCDE) e professores “acabados”, mesmo no Nível Superior.
É claro que isso não é regra para todas as instituições, sejam públicas ou privadas – mas sempre é um desafio encarar a necessidade de melhorias na Educação da terra verde e amarela.
Um levantamento do Censo Escolar 2023, divulgado pelo INEP, por exemplo, demonstra que uma parcela significativa das escolas públicas brasileiras ainda não possui as condições mínimas para um aprendizado de qualidade. Isso compromete a saúde e o bem-estar de alunos e professores. Então, como esperar excelência acadêmica em ambientes tão desfavoráveis?
Por fim, e talvez o mais insidioso dos problemas: a obsolescência dos currículos e a já mencionada falta de uma reforma educacional vital, fulcral, alinhada aos nossos tempos e demandas mais urgentes, e a um futuro com mais esperança e prosperidade.
IDEOLOGIAS ENGESSADAS OU UNÍVOCAS NO ENSINO
Grande parte de nossas escolas e universidades opera a partir de modelos pedagógicos do século passado ou desatualizadas, ou confusas. Desconsideram um mercado de trabalho em constante transformação e as habilidades exigidas pelo século XXI: pensamento crítico, criatividade, colaboração e resolução de problemas, além de conhecimento tecnológico, não para “fazer tudo no ChatGPT ou com Inteligência Artificial (IA)”, mas para utilizar esses e outros meios como ferramentas de auxílio e não protagonistas.
É, meus amigos, é triste. Não é drama.
O Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes) repetidamente coloca o Brasil nas últimas posições em leitura, matemática e ciências, evidenciando que o modelo atual não prepara os jovens para os desafios do mundo contemporâneo. Que estamos atrasados, e muito. A desconexão entre o que se ensina e o que o mundo e a própria vida pessoal dos alunos exige, é um dos maiores gargalos para a inovação e o progresso do Brasil e de outros países de Terceiro Mundo, ou até emergentes.
O BRASIL DESPREZA A EDUCAÇÃO E AMEAÇA O FUTURO DO PRÓPRIO PAÍS
O desprezo pela Educação no Brasil vem de séculos. A muitos não interessa melhorá-la: é bom que a ignorância prevaleça. Muitos de nossos governantes nos envergonham do ponto de vista do conhecimento e da instrução. Não é fácil governar nenhum país, ainda mais um do tamanho do Brasil, em nenhum cargo político.
Até por isso, tenho uma sugestão que, imagino, não atenda às expectativas da grande maioria dos nossos candidatos e políticos: se são funcionários públicos, devem prestar concurso antes de serem aprovados: no mínimo, Língua Portuguesa, Lógica e Matemática, Administração Geral e Pública e Direito Constitucional. Eu sei, eliminaria muitos “engambeladores” e despreparados. Não parece “lícito”.
Para terminar: não se trata apenas de falhas administrativas, estas que são tão e cada vez mais comuns em nossos desgovernos; é uma “ferida aberta na alma da nação”. É uma ferida infeccionada sem previsão de cura, ou grande melhora: o desprezo pelo futuro de milhões de crianças e jovens, e mesmo estudantes de todas as idades, é a perpetuação da desigualdade e a condenação a um desenvolvimento medíocre.
É imperativo o Brasil acordar para a urgência de uma revolução na Educação: investimentos sérios, infraestrutura digna e uma reformulação nos currículos que estabeleça o país no caminho da prosperidade e da justiça social. Populismo não adianta. Censura não adianta. Cortar galhos não acaba com a raiz, em si mesma apodrecida.
Somos 213 milhões de “pequenos aprendizes” que precisam pensar mais por si mesmos e adquirir mais conhecimentos, em uma democracia que é onde a voz soberana emana do povo. As decisões mais importantes devem ser tomadas por quem foi diretamente eleito por eles, por nós, por vocês. Nossos eleitores precisam votar melhor, deixar falácias de lado, entender de Economia, Justiça Social e Administração mais que de militância.
Quem pensa mais, vota melhor e fiscaliza melhor os governantes (o Brasil tem a maior e mais cara máquina política do mundo), o que é direito e dever do eleitor em uma democracia.
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