A greve dos professores da rede municipal de ensino de Belo Horizonte, que já dura 27 dias, terá um novo capítulo nesta quarta-feira (2), com a realização de uma audiência de conciliação entre representantes do Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Rede Pública Municipal (Sind-Rede/BH) e a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), no Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG). A sessão foi convocada após o Judiciário negar o pedido da prefeitura para declarar a greve ilegal.
A paralisação, que afeta mais de 90% das escolas da rede, foi motivada pela insatisfação dos trabalhadores com o reajuste salarial de 2,49% proposto pela prefeitura, índice que, segundo o sindicato, não cobre nem a inflação acumulada e desconsidera o reajuste nacional do piso do magistério, de 6,27%. Os professores reivindicam que a recomposição seja retroativa a janeiro.
Além da questão salarial, a categoria cobra a redução do número de alunos por sala de aula — hoje em torno de 30 — e o preenchimento imediato de vagas no quadro de professores.
Sindicato critica cortes e endurecimento do discurso da prefeitura
Em entrevista à Rádio Itatiaia, a diretora do Sind-Rede/BH, Carol Pasqualini, afirmou que o movimento foi mantido diante da postura “intransigente” da prefeitura, que teria endurecido o tom ao anunciar que não haveria nova proposta e que o caso seria levado à Justiça. “O corte de ponto foi efetivado de forma desigual e afeta diretamente a sobrevivência de muitos colegas, especialmente mulheres chefes de família que acumulam jornadas”, disse a sindicalista.
Carol também criticou a forma como o corte foi feito. “Há discrepâncias nos valores descontados entre as regionais. E, se o governo desconta os dias parados, o professor não tem obrigação legal de repor. A responsabilidade pelos 200 dias letivos é da prefeitura.”
Prefeitura reafirma proposta e medidas complementares
Em nota, a PBH reafirmou que o reajuste de 2,49% corresponde à inflação de janeiro a abril de 2025 e que a proposta foi aceita por todas as outras categorias do funcionalismo. A administração alega ter mantido diálogo constante com o sindicato — foram 34 reuniões desde o início do ano — e anunciou medidas adicionais para valorizar a carreira.
Entre as ações, a prefeitura propõe:
- Pagamento de férias-prêmio até dezembro;
- Reposição das perdas inflacionárias entre 2017 e 2022 nos próximos dois anos;
- Nomeação de 376 professores para os anos iniciais e outros aprovados em concurso vigente;
- Projeto de lei para ampliação do número de docentes na educação infantil e reestruturação da carreira;
- Criação de um novo nível de promoção por escolaridade, com acréscimo de 5% no salário;
- Concessão de auxílio-alimentação de R$ 18,75 para docentes com turno único (benefício inexistente atualmente);
- Aumento do auxílio para professores com jornada de 8h, que passará de R$ 37 para R$ 60 por dia, podendo atingir R$ 1.320 mensais.
Nova assembleia será realizada nesta quinta (3)
A categoria já convocou uma nova assembleia para esta quinta-feira (3), às 14h, na Praça da Estação, para avaliar os desdobramentos da audiência e decidir sobre os rumos do movimento. Até lá, a maior parte das escolas municipais seguirá sem atividades presenciais, com impacto direto na rotina de milhares de famílias da capital.
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